Lampião: banditismo por pura maldade ou necessidade?
Lampião: banditismo por pura maldade ou necessidade?
– 1 DE AGOSTO DE 2011PUBLICADO EM: CURIOSIDADES, FAMOSOS
Lampião, nome de batismo, Virgulino Ferreira da Silva, foi o cangaceiro líder do bando mais temido e sanguinário do sertão brasileiro, que chegou a ser chamado ‘O Robin Hood da Caatinga’, que roubava aos ricos para dar aos pobres. Mulato de aproximadamente 1,70, cego de um olho e muito vaidoso, ostentava em seus dedos anéis e no pescoço um lenço.
O fenômeno do cangaço ocorreu no polígono das secas, região do semi-árido nordestino conhecida como caatinga. Cangaceiro era o nome dado aos foras-da-lei que viveram de forma organizada na região do nordeste brasileiro, no período de 1920 a 1940, levando morte, medo à população do sertão.
Era muito comum no sertão brasileiro, as rivalidades por causa de terras, e numa dessas rixas entre famílias do sertão, os pais de Lampião foram assassinados. Revoltados, Lampião e seu irmão juraram se vingar da morte de seus pais e por isso entram para o cangaço.
Em 1922, Lampião assume a liderança do bando de cangaceiros chefiado, até então, pelo cangaceiro Sinhó Pereira.
O bando de Lampião era composto por cinquenta pessoas entre homens e mulheres. Patrocinado por coronéis e grandes fazendeiros que forneciam abrigo e apoio material, o bando chefiado por Lampião tinha o hábito de invadir cidades e vilarejos em busca de comida, dinheiro e apoio, e quando bem recebidos, a população desfrutava de baíles animados com muita música, dança (xaxado) e distribuição de esmolas. Mas quando o bando não conseguia apoio na cidade, Lampião e seu bando eram impiedosos, arrancavam olhos, cortavam línguas e orelhas, castravam homens e estuprava mulheres e a marcavam com ferro quente. Mesmo sendo autor de tanta atrocidades, Lampião se dizia um homem religioso e carregava uma imagem de Nossa Senhora da Conceição e um Rosário.
Em 1926 foi chamado pelo Padre Cícero para uma conversa onde foi repreendido por seus crimes e recebeu a proposta de combater a Coluna Prestes, grupo revolucionário que se encontrava no nordeste. Em troca Lampião receberia anistia e a patente de capitão dos batalhões patrióticos. Animado com a proposta, Lampião e seu bando partiram à caça dos revolucionários, mas quando Lampião chega a Pernambuco a polícia cerca seu bando e ele descobre que a anistia e a patente prometida não existia. Mas uma vez Lampião e seu bando voltam ao banditismo.
No final de 1930, lampião conhece sua grande paixão, Maria Bonita, mulher de um sapateiro que se apaixonou por Lampião e com ele fugiu.
Figura lendária ao lado de Lampião, Maria Bonita, a primeira mulher a participar de um bando de cangaceiros, ficou conhecida como a ‘Rainha do Cangaço’. Maria Bonita, além de cuidar dos afazeres domésticos, também participava das atividades de combate, mas muitas vezes impediu alguns atos de crueldade de Lampião.
A história de Lampião e Maria Bonita durou aproximadamente 8 anos, quando no dia 28 de julho de 1938, o bando de Lampião foi cercado e morto em Angicos, Sergipe, os integrantes do bando foram degolados e as cabeças expostas como troféus na escadaria onde hoje funciona a Prefeitura de Piranhas (AL).
As cabeças decepadas são: (de baixo para cima e da direita para esquerda)
1. Lampião 2.Quinta Feira 3. Maria Bonita 4. Luiz Pedro 5. Mergulhão 6. Manoel Miguel (Elétrico) 7. Caixa de Fósforo 8. Enedina 9. Cajarana 10. Moeda 11. Mangueira.
Muitos historiadores acreditam que o bando tenha sido envenenado antes da degola, uma traição que pôs fim aos crimes cometidos pelo bando de Lampião que sempre contou com o aval de coronéis, a incompetência das autoridades do sertão brasileiro e o descaso do governo federal.
Em 2009 a morte de Lampião completou 70 anos e as lendas e mito sobre o cangaceiro e sua saga no sertão nordestino permanecem viva no imaginário popular. Sua herança está no cinema, na dança (xaxado), na cultura popular, na pintura, no artesanato, na literatura, principalmente na literatura de cordel.
Conheça as seis principais lendas sobre Lampião
Segundo o Historiador, João souza Lima, existem seis mitos e lendas a respeito das atrocidades cometidas por Lampião, que ainda persistem. São elas:
Testículo na gaveta
Segundo o historiador, um certo dia, um sujeito estava cometendo crime de incesto e foi flagado por Lampião, que ordenou ao criminoso colocar os testículos na gaveta e fechar com chave. Lampião deixou um punhal sobre o criado-mudo e disse: “Volto em dez minutos, se você ainda estiver aqui eu te mato”.
Crianças no punhal
Conta essa lenda, que a população, com medo da fama de violento de Lampião, acreditava em todas as histórias sobre o cangaço. uma delas foi criada com o objetivo de afungentar os sertanejos que ajudavam a esconder cangaceiros. Os policiais da época espalhavam pela cidade que Lampião jogava as crianças para o alto e as parava com um punhal.
Lampião macaco
Segundo essa lenda, Lampião só conseguia se esconder na mata durante as perseguições das volantes (polícia da época), porque subia nas árvores e fugia pelos galhos das copas. O historiador conta que isso foi publicado em um livro sobre cangaço como se fosse verdade, e muita gente ainda acredita nessa história. “Quem conhece a caatinga sabe que na região onde Lampião passou e lutou não havia árvores com copas.”
Você fuma?
Outra lenda diz que Lampião teria sentido vontade de fumar e sentido o cheiro da fumaça do cigarro. Ele caminha um pouco e encontra um sujeito fumando. O cangaceiro vai até o homem e pergunta se ele fuma. O indivíduo vira para olhar quem conversava com ele e, asustado por ver que era Lampião, responde com medo: “Fumo, mas se quiser eu paro agora mesmo!”.
História do sal
É muito comum ouvir no nordeste até hoje, que Lampião chegou à casa de uma senhora e pediu que ela fizesse comida para ele e para os cangaceiros. Ela cozinhou e, com medo de Lampião, acabou por esquecer de colocar o sal na comida. Um dos cangaceiros reclamou que a comida estava sem gosto. Lampião, teria pedido um pacote de sal para a mulher, e despejou na comida servida ao cangaceiro reclamante e o forçou a comer toda comida do prato. O cangaceiro teria morrido antes de terminar de comer.
Lampião Zagueiro
Segundo o historiador, na década de 1960, uma empresa pesquisadora de petróleo no Raso da Catarina, em Paulo Afonso (BA), abriu uma pista de pouso para trazer os funcionários de outras regiões que iriam executar trabalhos de pesquisa. Sem ter encontrado petróleo, apenas algumas reservas de gás, a empresa deu por fim as pesquisas. Na década de 1970, um estudioso do cangaço teria encontrado o campo de pesquisa parcialmente encoberto pelo mato e escreveu, em livro, que aquele seria um campo de futebol construído por Lampião. “O pesquisador ainda teria reportado, de maneira totalmente infundada, que o rei do cangaço teria atuado no time como zagueiro”.
Fonte: https://bethccruz.blogspot.com